domingo, 3 de maio de 2015

Milano, Itália - passado e presente

Na viagem para Milão fui lendo "Vita Brevis", um pequeno livro do Jostein Gaarder (autor de "O mundo de Sofia", lembra?). É a presumida resposta de Flora, amante de Santo Agostinho antes dele se converter ao cristianismo, um belo texto contra o machismo e a pretensa submissão da mulher. Ele a deixou para se casar, mas acabou sendo bispo de Hipona e um dos grandes intelectuais cristãos do século IV. No texto soube que a conversão do célebre doutor da Igreja se deu em justamente em Milão.


Em Milão está o Duomo, a Catedral Metropolitana da cidade, um templo católico imenso, coberto por mármore e decorada com torres, relevos, esculturas, pinturas, mosaicos e milhares de detalhes impossíveis de serem vistos em sua complexidade e totalidade. Possui 157 metros de comprimento, 109 metros de largura e sua altura chega a 45 metros. Começou a ser construída em 1386, mas só ficou razoavelmente terminada em 1813. Porém, até 1965 foram realizadas obras de finalização. E atualmente há vários andaimes para restaurações e manutenção em alguns pontos da igreja.


Por ocasião da Expo em Milão, a cidade toda se preparou e o Duomo colocou essa escultura contemporânea, também em mármore, do artista britânico Tony Cragg. Chama-se "Paradoxo" e impressiona por suas formas e curvas que contrastam com o estilo gótico e neogótico ao redor.



Uma das centenas de obras espalhadas pelo solo, paredes e teto do Duomo.


Essa visão é no acesso para o terraço situado no teto da Catedral.


Dali pode se ver as ruas ao redor. Essa fachada, à direita, é das Galeria Vittorio Emanuele II, um templo do consumo de alto luxo da cidade (Louis Vitton, Prada, o restaurante Savini...).



Do terraço, por entre as torres laterais, vê-se ao longe a praça Garibaldi onde está a Milano contemporânea com suas torres de aço e vidro.



No terraço também foram colocadas esculturas modernas para contrastar com o estilo gótico sob o céu da cidade.


Nem todas as catedrais permitem subir ao teto. O efeito faz lembrar o filme de Win Wenders,
"O céu sobre Berlim", com os anjos pairando sobre a Terra para se deliciarem com as obras humanas.


No pináculo mais elevado do complexo está a imagem da Virgem Maria, a quem a Catedral é dedicada.


Essa é a visão do terraço. Bem atrás de mim estão alguns dos andaimes para manutenção dessa obra monumental.


Do lado externo, há andaimes com publicidade e está explicado que isso ajuda a pagar as obras necessárias à manutenção. Essa publicidade uma divulgação do turismo de Istambul, Turquia, um país muçulmano.Um ótimo exemplo de como o comércio internacional, inter-étnico e inter-religioso é melhor que massacres e injúrias mútuas.



A multidão em frente à Catedral, algo comum nos pontos turísticos mais visitados da Europa, especialmente entre a primavera e o outono. No verão, é o caos...


Na praça Garibaldi estão os modernos edifícios comerciais e residenciais de Milano.


Com muito verde ao redor. O lugar foi todo planejado e chama-se "Porta Nuova". Possui uma área agrícola com especiarias plantadas e um grande campo cultivado com trigo. Me senti em casa.


Detalhe das torres comerciais mais exuberantes.


Em alguns lugares havia manifestações contra a Expo Milano, que abriu no dia 1º de maio. Não imaginei que a festa de abertura terminaria em uma imensa pancadaria e ataques dos black blocs em vários pontos da cidade. Nesse dia já tinha saído de Milano em direção à Bologna.


Numa das livrarias estavam os livros para colorir, moda em vários lugares do mundo e com gravuras tematizadas (chinesas, astecas, japonesas, botânicas, históricas etc.).


As belas vitrines minimalistas na Galeria Vittorio Emanuelle II. No canto inferior direito, o preço...


... delicada e sucintamente informado. Talvez esse seja mais um dos motivos para as revoltas populares contra o luxo e a ostentação em um mundo que ainda não resolveu problemas básicos de saúde, educação, imigração (algo grave na Europa) e outras questões. 

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