terça-feira, 26 de março de 2013

Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin





Hoje adentrei em um dos tesouros da humanidade. Uma riqueza exuberante, plena de luxúria intelectual e de beleza estética em sua materialidade temporal. A riqueza está depositada em um templo erguido especialmente para abrigar um acervo que mostra o que de melhor as pessoas escreveram sobre nosso país. Hoje visitei a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, no campus da Universidade de São Paulo, no Butantã.






Inaugurada no último sábado (23 de março de 2013), os edifícios de concreto reúnem os acervos da biblioteca, um auditório, livraria da ADUSP, salas de pesquisa e leitura, laboratórios e anexos com atividades dedicadas à leitura e pesquisas.  






O acervo com 17.000 títulos e 40.000 volumes fica em três andares climatizados, com renovação controlada do ar e acesso hiper-restrito. Suas paredes são envidraçadas, para que o acervo seja visto por todas as pessoas. Mas não se pode entrar e nem tocar as riquezas. Só os pesquisadores tem acesso às obras. Além de você, pois a biblioteca está sendo digitalizada para permitir a consulta geral pela internet.



Uma das salas de estar, ainda sendo montadas. o mobiliário foi bancado pelo BNDES.


Uma das salas para pesquisadores, com mesas de leitura e armários para guardar os livros de grande porte.


Na livraria EDUSP estão vários livros sobre Mindlin, como essas preciosidades que comentam a coleção. Esses podem ser comprados.




O diretor é o Prof. Dr. Pedro Puntoni, um historiador da USP. Foi ele quem me levou – excepcionalmente - ao âmago sagrado da biblioteca para fotografar o acervo, no coração do templo, respirando o mesmo ar puro que manterá os livros por não sei quantos séculos.





Imagine as antigas bibliotecas de Alexandria, de Toledo, Salamanca, Roma, Constantinopla, as bibliotecas dos mosteiros medievais, inclusive a biblioteca labiríntica do mosteiro beneditino de O nome da Rosa. Imagine também as bibliotecas modernas do Canadá, dos Estados Unidos, da França ou da Alemanha. A Brasiliana possui um edifício moderno e conectado/climatizado similar ao que há de melhor no mundo e seu acervo é um tesouro inestimável para o Brasil e para todos que querem pesquisar sobre nosso país.



Essa foto foi tirada dentro do acervo. Pouquíssimas pessoas tem acesso às entranhas envidraçadas, controladas e climatizadas do templo. Lá fiquei por apenas alguns segundos, o suficiente para fazer as fotos.


Nem todas as prateleiras estão repletas. Há espaço para futuras aquisições e doações. A biblioteca ainda crescerá significativamente.





A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin é um órgão da Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP). Foi criada, em janeiro de 2005, para abrigar e integrar a brasiliana reunida ao longo de mais de oitenta anos pelo bibliófilo José Mindlin e sua esposa Guita. A coleção foi doada pela família Mindlin à USP em um gesto de extrema generosidade para com a nação. Com o seu expressivo conjunto de livros e manuscritos, a brasiliana da BBM é considerada a mais importante coleção do gênero formada por um particular. São cerca de 17. 000 títulos, ou 40.000 volumes. Parte do acervo doado pertencia ao bibliófilo Rubens Borba de Moraes, cuja biblioteca foi guardada por Guita e José Mindlin desde a sua morte. Fonte: www.brasiliana.usp.br




Outra das salas de pesquisa, com gabinetes privativos (em vidro) e mesas para manipulação dos textos.




Na parte inferior está uma exposição de obras raras da biblioteca...




... como essa gramática da língua guarani, escrita por um padre jesuíta, em 1724.


Os livros eram ricamente ilustrados, inclusive com cores.


A famosa gramática guarani, do Pe. José de Anchieta, um dos jesuítas que vieram ao Brasil. Anchieta, juntamente com o Pe. Manoel de Nóbrega, fundou a cidade de São Paulo. O livro data de 1595.



Ilustração suntuosa de um dos livros sobre as primeiras viagens feitas por exploradores europeus no Brasil. A fauna, a flora, o relevo e os habitantes eram desenhados por artistas.


As famosas revistas Tico-Tico, do início do século XX.


Um original de Guimaráes Rosa, do Grande Sertão Veredas, com correções e anotações para editoração.



Uma primeira impressão de Graciliano Ramos, com correções, inclusive a mudança do título da obra. Vidas secas não foi o primeiro nome do romance.



Uma das obras do Pe. Antonio Vieira, SJ. Pelo acervo percebe-se como os jesuítas influenciaram nossa história e cultura. O Papa Francisco devia ver essa biblioteca.


Esse livro sobre navegação aérea é de 1832! Mas o avião não foi inventado em 1906? Sim, mas essa navegação era sobre balões.






A Universidade de São Paulo construiu um moderno edifício de 20.000 m2, no coração da Cidade Universitária em São Paulo. O projeto de arquitetura foi desenvolvido pelos escritórios de Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb, com a assessoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Tomou-se como paradigma as mais conceituadas bibliotecas americanas, tais como a Beineke Library da Universidade de Yale, a Morgan Library, a New York Public Library e a Library of Congress, bem como a Biblioteca Nacional de Paris. Além de abrigar os acervos do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin &emdash; garantindo as melhores condições de acesso aos seus usuários &emdash; e suas atividades regulares de pesquisa, ensino e extensão, o novo edifício será a sede do Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP. Nesta sua nova casa, o SIBi-USP comprometeu-se com a implantação da Biblioteca de Obras Raras da USP.

Fonte: www.brasiliana.usp.br



Se você clicar duas vezes na foto poderá amplia-la e ler a mensagem de Maria Arminda do Nascimento Arruda, Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, sobre a biblioteca Mindlin.

Se você está em Sampa, visite esse templo da cultura e delícia dos bibliófilos. Senão, acesse o site e curta uma das mais novas obras de cultura do Brasil contemporâneo: www.brasiliana.usp.br