sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Coisinhas descoladas de Amsterdã

O suave inverno holandês de final de dezembro (cerca de + 8ºC) permite caminhadas pelas ruas planas da cidade, prestando atenção nas suscetibilidades e coisinhas típicas de um lugar liberal e organizado, charmoso e com uma longa história, uma sociedade rica mas atenta às diferenças entre seus habitantes.

Essa é a vista da ponte de vidro que une as duas torres do hotel Ibis Centraal Station. A segundfa torre foi construída em cima dos trilhos da ferrovia, como você pode ver na foto.


Os católicos são minoria na Holanda. A única igreja dos jesuítas (portanto, católica) é a de São Francisco Xavier. Decorada para o Natal, a igreja possui uma comunidade atuante e padres velhinhos e atenciosos.


Há uma livraria, ali perto, especializada em literatura de viagens, guias e roteiros. Chama-se Evenaar Travel Book Store e tem uma seção de livros sobre o Brasil ou de autores brasileiros.


Maconheiros e maconheiras de todo o mundo podem continuar a fumar em paz. O governo local não fechará os coffee shops, conforme avisa o anúncio da Bulldog, a primeira casa de venda de drogas leves na cidade (década de 1970). Essa é uma tendência mundial. Dois estados norte-americanos, Portugal, Espanha, Brasil e outros países estão flexibilizando suas políticas anti-drogas leves, com oa maconha. Os ex-presidentes Fernado Henrique Cardoso e Bill Clinton se uniram a várias personalidades mundiais no filme "Quebrando o tabu", para defender novas medidas mais liberais e conscientizadoras para a pol´tica global de drogas.


O narco-turismo é significativo na Holanda, há mais de duzentoas coffee shops na cidade...


... mas a grande maioria dos turistas vai para curtir outros baratos da cidade, inclusive outras drogas como o álcool e o chocolate, que são deliciosos na região dos Países Baixos e na França.


Essa criatura decorou uma bicicleta para o Natal e a colocou na porta da casa. Note os papagaios no guidão.


Nas vitrinas dos sex shops as novidades são os artefatos eróticos baseados na trilogia Cinquenta tons de cinza. Uma grande campanha publicitária faz chegar às mulheres (e aos homens, afinal o país é democrático) que leram os livros, as possibilidades para continuar a desfrutar e gozar com os romances.


Os consolos são marcados com o brand da série. Outros livros, filmes e histórias em quadrinhos foram lançados para lucrar na esteira do sucesso soft porno, provando que há centenas de tonalidades entre o branco e o negro.  No que se refere ao rosa-choque, a livraria Vrolijk continua a ser o grande destino para quem procura livros, quadrinhos, fotos e revistas para gays e lésbicas. Há inclusive textos acadêmicos dos chamados queer studies, como são denominados no mundo acadêmico anglo-saxônico.  


Essa livraria é um dos poucos baluartes da anti-globalização e da rebeldia. Chama-se Fort Van Sjakoo, localiza-se na Jodenbreestraat 24, em Amsterdam (www.sjakoo.nl).


Há livros, revistas, quadrinhos, folhetos, panfletos, listas, documentos e farto material anarquista e esquerdista.


Para cuecas (e calcinhas) transadas, a Muchachomalo apresenta peças especialmente decoradas...


... como essa, com motivos brasileiros (há italianos, espanhóis, franceses, holandeses...). Coloridas, descoladas e transadas (ops!), a roupa de baixo atende a todas as tribos, das mais caretinhas às mais safadinhas e afoitas. Até os emos podem encontrar algo de seu gosto, em Amsterdam.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Viagens pós-hodiernas


Comecei a dar aulas na faculdade de turismo em 1988, na PUC-Campinas. Já tinha experiência em viagens por ter sido guia internacional da Abreutur, na época uma operadora top no Brasil. Era novato como professor, mas me sobrava informalidade e espontaneidade na sala de aula. Gostava de ler, adorava pensar sobre o futuro e as tendências, acompanhava o que rolava nos Estados Unidos e arredores. Num mundo pré-internet, a possiblidade de ler muito, ver filmes, ir ao teatro e viajar ao exterior fazia uma grande diferença.
Eu sabia muita coisa do que rolaria porque lia e via isso acontecendo nos países desenvolvidos. O Brasil era fechado e distante, vivíamos meio ocultos perante o mundo, mas já despontavam coisas muito interessantes por aqui. Porém, por mais que eu sonhasse com o futuro, jamais, no final dos anos 1980, eu escreveria algo assim...

“Cheguei no aeroporto em São Paulo, fiz o check in num totem eletrônico apenas digitando um número. Depois despachei a bagagem e mostrei o passaporte. No voo acompanhei a rota da aeronave pelo terminal de entretenimento de minha poltrona da classe econômica, onde havia também filmes, música, jogos e canais de TV.
Ao chegar no destino, comprei um bilhete de trem numa tela, fui direto do aeroporto ao hotel e para fazer meu outro check in só apresentei o passaporte. Minha reserva estava feita e paga, segundo o sistema informatizado. Não há mais bilhetes aéreos, vouchers, papelada e documentos, apenas cópias em papel que algumas pessoas fazem para o caso de algo dar errado, o que não é muito comum, vale o que está armazenado na memória das redes globais.

No apartamento liguei meu computador, ele achou a rede local, conectou-se e acessei a internet (a rede mundial de computadores, a custo zero para os hóspedes) para saber as notícias, ver e-mail, curtir rede social e escrever algo para meu blog, além de postar a foto do quarto.”
Eu não tinha imaginação ou coragem para escrever isso há quase 25 anos, porque era tão fantasioso que ninguém poderia acreditar.

Entretanto, agorinha, do apartamento do meu hotel em Amsterdam, acabo de relatar como foram as minhas últimas 24 horas. Isso tudo é extremamente banal para os mais jovens, porém uma ficção cientifica consumada para quem é mais ou menos da minha idade e seria feitiçaria braba para meus avós. Então, criatura, imagine o que os seus netos farão...  


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Conto de Natal - 2012


Quase todo ano escrevo um conto de Natal. Este ano, 2012, a história é baseada em fatos reais e as semelhanças são propositais:





A dor nos joelhos e nas costas era insuportável. Nove horas de voo até Dubai; oito horas de espera no aeroporto, lindo, mas depois de algum tempo tão estuporante quanto Viracopos; e mais catorze horas até São Paulo. Estávamos quase aterrisando. O sol nascera e a paisagem suburbana da cidade deslizava sob as asas. Mal dormiu a bordo. Ele não tinha mais posição na poltrona e ansiava por um banho e um café da manhã ao seu jeito.

Nuvens de tempestade cobriram o solo e o céu. Recostado na janela sorria feito bobo, discretamente, pensando no Natal. Seu presente chegara uns dias antes, afinal, ver ao vivo o time ser campeão no Japão... não tinha nada melhor. Se bem que as prestações no cartão de crédito chegariam pontualmente. Sem problema, estava dentro da festa. Grana para viajar, time campeão, emprego garantido e a namorada esperando para curtir o reveillon. Pacote completo.

Entre a aterrisagem e a saída do aeroporto foram quase duas horas, graças à incompetência usual. Ligou assim que deu linha. Logo percebeu que havia algo diferente. Errado? Não, mas diferenciado. “E aí, acabei de chegar, tudo bem?”. Um silêncio de alguns segundos. “Tudo ótimo, e você, foi bem de viagem? Voltou contente?”  Mas foi quando disse que ao chegar em casa queria falar comigo pelo skype, para se verem nos olhos, teve certeza que o ano não acabara.

A marginal Tietê estava entupida e o táxi rastejava entre a água suja do rio e o ar poluído das avenidas, sob um sol majestático, lembrando como os trópicos são aconchegantes para quem chega do frio e de um mundo alienígena. O computador demorou para ligar, como sempre quando se está arfante por algo. Ela atendeu no primeiro clic. Estava linda. Formosa e poderosa, atraente como quando a viu pela primeira vez, há uns três anos. Moravam meio longe, mas nada que duas horas de voo não resolvessem e que o mundo virtual não sublimasse.

O maior download de sua vida estava a caminho. Então era isso mesmo. No auge de sua vida,  com a segunda mulher, teria o primeiro filho. Era a hora, fora o desejo e o sonho discreto, agora transformado em evento marcado para .. oito meses? Algo assim. Foi na despedida da viagem de volta, um pouco antes antes de ir ao Japão, numa noite quente olhando o mar sob a lua cheia. Agora, dois dias antes do Natal, sabia que aquele orgasmo se perpetuaria por muitos anos na figura de uma pessoa, que era sua filha (filho?). O Natal desse ano era a comemoração da concepção, de uma nova vida, prolongamento de suas vidas numa criatura em construção embrionária, mas que já repartia com eles a sua felicidade e satisfação, suas esperanças e devaneios. Claro que morariam juntos e no próximo Natal um bebê daria brilho ainda mais especial às festas.

Um amigo perguntou qual a emoção mais intensa: ver seu time ser campeão no
Japão ou saber que seria pai, ao voltar?

Ele pensou e disse que as duas eram grandes emoções, uma diferente da outra. Claro, de
certa forma se complementam, pois é tudo comemoração de vida, de celebrar
vitórias decisivas a favor da vida.

 Ao desarrumar as malas ele olhou em volta e viu seu apartamento com outros olhos. Uma
nova vida impregnava cada canto e paredes da casa, o ano que viria tornava-se
mais que uma promessa vã de reveillon. Era um projeto aprovado, confirmado e almejado.

O banho quente removeu  seu cansaço superficial mas fez emergir a exaustão da viagem. O
frio, a tensão dos jogos, a comida insossa e estranha, as longas viagens de ônibus até os
estádios, a comemoração contida porque quase nada era permitido naquela terra. E ainda os
voos eternos de ida e volta, o sabor delicioso e abissal da vitória e a volta para casa se
fizeram presentes em seu corpo.

A notícia do filho aliviou sua alma. O titulo de seu time era o passado recente, um sonho
realizado; a perspectiva de ser pai era o futuro insondável, uma esperança a ser
concretizada no cotidiano de suas vidas. Os presentes de Natal esse ano foram especiais.
Havia que agradecer, de alguma maneira e para alguém.

Antes de deitar ainda ligou mais uma vez, mas ela já saíra para trabalhar. Jogou-se na cama
e lembrou dos últimos dias e noite, no outro lado do mundo. Pareciam irreais agora,
 sobrevivendo apenas em sua memória e numas fotos no facebook. Antes de dormir pensou
em um bebê sorrindo e nos seus sonhos afagou uma criança que o chamava de papai.

Lá fora, o sol iluminava, forte sob um céu laçado pelas chuvas, a ante-véspera do Natal.

Luiz Gonzaga Godoi Trigo


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Nossa miserável vida de classe média




A gente reclama – e com muita razão – dos desmandos e corrupções dos governos, igrejas, sindicatos, empresas, ONGs, instituições em geral. Mas não somos muito bons em atentar e controlar o que nos diz respeito diretamente. Às vezes passamos de atitudes autoritárias e irracionais (burocráticas, repressoras, chatas, chatíssimas) para um relaxo total, um descaso.

Parte dessa atitude irresponsável é diluída porque, ao nível macro, demoramos a perceber as conseqüências da falta de atenção e cuidado com as nossas coisas e, o principal, com as coisas comuns. Mas o preço a pagar é caro. Pagamos em duplicidade a segurança, a educação e a saúde, porque pagamos os impostos e se quisermos, como classe média, um serviço melhor, temos que pagar – novamente – a escola privada, o plano de saúde a segurança particular com suas câmeras, fios elétricos, alarmes, chiliques e frescuras típicas do povo da segurança. Pagamos, no geral, cada vez que há enchentes, desmoronamentos, incêndios, crimes, omissões, acidentes evitáveis em hospitais e clínicas. A lista é enorme.

Mas, ao nível micro, as conseqüências são mais rápidas e evidentes. Estou passando por isso. Moro em um condomínio de classe média (apartamentos de dois e três dormitórios), em São Paulo, entre a Liberdade e a avenida Paulista. Lugar bom. Prédio legal. São duas torres de 26 andares, com um total de 364 apartamentos. Imenso, e complicado de administrar. Mas, veja a piscina:


 Agora, veja o aviso nos elevadores:



  Percebe? Os moradores do condomínio urinam nas piscinas. Isso é uma rematada falta de educação para com os outros e para consigo mesmo. Mas não acaba aí. Os carrinhos para levar compras do supermercado, que estão no subsolo, tem lacres que só são abertos com cartões numerados de cada apartamento (isso deve ter no seu prédio, também). Por que? Porque senão as pessoas levam as compras nos carrinhos e não os devolvem às garagens. Se o carrinho fosse robotizado era só dar a ordem: “Volta pra garagem.”, e pronto. Mas não é. E sem contar as discussões imensas nas reuniões de condomínio, que eu não freqüento, não tenho saco pra isso. Mas pago. E tem um sindico, uma comissão de conselheiros e a administradora, a Lello Condomínios.

Pois bem ,desde ontem, estamos sem gás no prédio. A Congás (aqui é gás encanado, vem da rua) cortou o gás por falta de pagamento. As torres estão sem banho quente e sem fogão (quem tem microondas que use – eu não tenho porque não gosto e raramente cozinho em casa). Mas há um monte de velhinhos, crianças e algumas mulheres grávidas que precisam comer em casa e tomar banho quente ou, pelo menos, morno.

Ao descer à administração para averiguar o nível da asneira me deparei com as contas de gás e lá está, muito claro:


 Em todas as contas consta a falta de pagamento e durante anos (o debito é de 2010) nada foi feito para resolver, então, por fim, cortaram o gás. Essa é a irresponsabilidade que nos cabe, pois desde o síndico e os conselheiros, até a administradora, a Lello, ninguém fez NADA de eficaz e eficiente para evitar o corte. Só blá-blá-bla, nhém-nhém-nhém e desculpas, explicações rotas, caras tontas e perdidas ante a fatalidade provocada de um erro sistematicamente a anunciado.

Enquanto não nos conscientizarmos de nossas responsabilidades diretas e indiretas, não haverá melhorias significativas na qualidade de vida e na sociedade em geral. Mas nossas classes médias são retrógradas. Ou alienadas. Ou metidas e arrogantes. Urinam em suas piscinas e não querem saber de controlar as contas mensais, mesmo que tenham sido eleitas para isso. São plenas de bonomia. São caretas ou, então, permissivas e superficiais. Adoram babaquices edulcoradas e bonitinhas que falam de amor e paz, de florzinhas e sentimentos, mas com poucas ações efetivas que melhorem suas relações e convivências. Claro que me incluo nessa classe média, afinal somos uma faixa da população que sofreu, na pele, os mandos e desmandos nas últimas décadas, mas isso não justifica nossa omissão.

Por isso eu escrevo. E me acuso, juntamente com a sociedade da qual participo.

Espero que o gás volte até o Natal. Já vieram religar, mas constataram que alguns apartamentos estão com os registros abertos. Daí foram embora, pois há o riso de explosões. Há que se ter certeza de que todos os 264 apartamentos estão com os registros fechados. Está vendo a amplitude de uma irresponsabilidade? De nossa incompetência?

É o fim do mundo, como o conhecemos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

2012 - Fatos memoráveis


Fim de ano, para mim, é tempo de fazer um rescaldo memorável do tempo que se encerra. Confesso que consultei a agenda para ter mais certeza do que aconteceu durante o ano pois, apesar de memoráveis, o banco de dados às vezes apresenta lacunas de esquecimento. Afinal, a máquina já fez meio século. Mas enfim, após uma rápida garimpagem na memória e na agenda, seguem algumas das boas coisas de 2012:
 
Uma mudança de vida: Emagreci 11 quilos, entre maio e novembro. Isso significa que mudei hábitos alimentares e manterei esse pique.

 Melhores leituras:

H.P. Lovecraft: Against the world; against the life. Michel Houllebecq;
Samarcanda, Amim Maalouf;
La mano de Fatima, Ildefonso Falcones;
El segundo hijo Del mercader de sedas, Felipe Romero;
Cuentos de la Alhambra, Washington Irving.

Viagens:

Os dois congressos na Universidade de Aveiro, Portugal;

 Com Carlos Costa, professor catedrático da Universidade de Aveiro e com Beth Wada (UAM e ANPTUR), em Aveiro.

Encontro na Universidade de Surrey, Inglaterra;


 Rever o velho amigo João Pereira, em Lisboa.


 No Brasil: São Luís, Cuiabá, Manaus, Natal, Porto Alegre...

Evento especial: 15 anos do mestrado em turismo da Univali, Balneário Camboriú (SC).


 Filmes:

007 Skyfall

Bons temas de reflexão:

Ficção científica;  amizades; temas ibéricos...

Lugares:

Um lugar para viver a profissão: EACH-USP

Um lugar para curtir global: Espanha


Um lugar para curtir Brasil: Itatiaia


Um lugar para curtir o coração: Belmonte, Portugal


Um lugar desejado: o espaço sideral

Um lugar imaginário: a cada noite, nos meus sonhos

Um lugar sonhado: as viagens

Um lugar inalcançável: o conhecimento pleno

Um lugar no passado: o navio Funchal, velhinho, atracado num cais de Lisboa.

Um lugar aconchegante: família

Um lugar para relaxar: Campinas, SP


Um lugar: o universo.

Não-Lugares: NÃO existem não-lugares


Uma saudade: meu tio, José Godoy.


Um exemplo: vide acima.

Algo muito legal: terminei meu livro, um ensaio sobre viagens, que deverá ser lançado em 2013.

Melhores cursos (como aluno): na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, cursos realizados em Itaici (interior de São Paulo).


 Momentos pessoais especiais: o casamento do meu afilhado, Pedro, com a Sara; o casamento do Diego, filho da amiga Maria Clara, com e Marina.

Um momento profissional especial: os dois congressos internacionais de turismo (RTD-6 e CLAIT), organizados por meus colegas da EACH-USP.


Com Andréa Kogan, Mariana Aldrigui, Karina Solha e Marcelo Vilela, na EACH-USP.

Um momento íntimo especial: se é íntimo...

Momentos compartilhados virtualmente: no Facebook e neste blog.

Um trabalho legal: com meus (minhas) alunos(as). 

Um tempo: o futuro.

Melhores comparsas: os amigos e as amigas

 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Univali, 15 anos de mestrado Parte II - A festa


Na postagem anterior comentei a pompa da solenidade, a correção do cerimonial e a beleza da cerimônia dos 15 anos do Mestrado em Turismo da Universidade do Vale do Itajaí (Univali-SC). Depois teve o jantar, as conversas, os brindes, risadas e trocas de reminiscências. Essa postagem é sobre a festa.






A solenidade oficial aconteceu no auditório e o jantar no amplo salão. Quem produziu a festa? O curso de Gastronomia da Univali, que tem um complexo de cozinhas pedagógicas, professores descolados, uma história rica de experiências e projetos...





... que lhe garantiu cinco estrelas no ranking do Guia do Estudante. No início da decada de 1990, o Senac São Paulo e a Univali fizeram um acordo de cooperação e professores como José Ruy Veloso Campos e Ronaldo Lopes Pontes Barreto, foram alguns dos colaboradores. Eu comecei a ir para a Univali , dar aulas na especialização e no mestrado, a partir de 1997.





Essa era a mesa que nos aguardava, antes da cerimônia e do jantar. Diz a hospitalidade que convidados chegam com sede e um pouquinho de fome, sendo de boa ética e estética ter algo simples e gostoso para degustar e aplacar, inclusive, a ansiedade pré-ritualística acadêmica.



Um toque de originalidade foram os sousplats (o que se põe embaixo do prato). Eram antigos LPs (para quem é novinho, esse troço era colocado num prato mecânico giratório, uma agulha riscava os sulcos e saía música. Funcionava com eletricidade). Então, de um lado estava o cardápio, na faixa central e do outro a etiqueta original. O meu era do Roberto Carlos.






Beth Wada, Mário Beni e Carlos Tomelin. O jantar estava gostoso, o serviço impecável e tudo bem organizado.





Mário Beni. pensando nas coisas boas da vida...


Parte do time de alunos e professores de Gastronomia que, como todo grande jantar exige, fizeram uma volta olímpica pelo salão sob vivas e aplausos dos satisfeitos convidados.





Como estou de dieta (não radical e só um pouco neurótica), e o chefe Vilmar preparou-me essa taça de frutas vermelhas. Mal sabia ele que é uma das minhas sobremesas prediletas.


E brindamos: Fracisco, Joseldete, Dóris, Marlene, eu, Beth e Beni.






O coordenador Francisco dos Anjos e algumas das alunas do mestrado. É a nova geração de pesquisadoras e educadoras que surgem dos ninhos epistemológicos da pós-graduação brasileira.



Placas comemorativas foram oferecidas a todos docentes que participam ou participaram de sua história acadêmica. Cá estou, em companhia das colegas pesquisadoras, orgulhoso de fazer parte do time.





Estudos teóricos, práticas orientadas, laboratórios bem planejados e equipados, docentes altamente capacitados e motivados, grandes eventos para exercer o domínio profissional equanto aprendizado, ética e ambiente de trabalho franco e saudável. Assim se faz uma boa educação e se consegue bons frutos.








Professores em vários estágios de sua carreira profissional, veteranos e jovens, se encontram na festa, na comemoração do passado com propostas para o futuro...


... mas curtindo profundamente o presente. Nos jardins, uma mesas nos amparam nas conversas soltas da madrugada.


E dali saímos, felizes e contentes. Falei que faço questão de estar nas bodas de ouro do mestrado. Será no ano 2047, marque na agenda.



sábado, 1 de dezembro de 2012

Univali -15 anos do Mestrado em Turismo

A festa ontem à noite foi solene, bem organizada e muito significativa. Aconteceu no centro de convenções da Univali, em Balneário Camboriú.


A programação oficial foi:
Sexta-feira, 30 de novembro de 2012.

Primeiro Momento: Tema de Abordagem “A Importância da Criação do Curso de Graduação e Pós graduação em Turismo & Hotelaria da UNIVALI e a importância   sua trajetória  para o desenvolvimento d atividade no cenário Nacional”

Prof. Marlene Burato - Criação do Curso de Turismo & Hotelaria e o Centro de Excelência em Estudo para o Turismo e Hotelaria – visão local e global (a Profa. Marlene Burato, grande idealizadora do projeto da Univali, não compareceu por motivo de convalescença);
Prof. Dóris Ruschmann – Concepção do Mestrado e Doutorado da UNIVALI e a criação da ANPTUR - visão local e global;


O jantar foi produzido pela turma de gastronomia da Univali (cinco estrelas no Guia do Estudante) ...


Sob a orientação do Prof. e Chef Vilmar Dolzan e sua equipe competente e atenciosa.

Segundo Momento: Tema de Abordagem:  “A Evolução do Campo Científico do Turismo e a contribuição da UNIVALI no cenário Nacional e Internacional”
Prof. Mário Beni -  A Evolução do Turismo no Brasil e a Importância dos Curso de Graduação para o desenvolvimento da atividade;
Prof. Mirian Rejowski - A Pesquisa em Turismo e Hotelaria no Brasil e sua evolução;
Prof. Luiz Trigo - A Atividade de Lazer, Turismo e Gastronomia  - O desenvolvimento dos segmentos a partir do crescimento das Escolas de Turismo e Hotelaria:
 Articulador Aula da Saudade – Prof. Carlos Alberto Tomelin
Mestra de cerimônias – Profa. Silvia Cabral


Profa. Doris Ruschmann, primeira coordenadora do mestrado, e o Prof. Edson Vilella, primeiro reitor da Univali, que apoiou com muita vontade política a implantação do maior centro de educação e pesquisa em turismo, hotelaria e gastronomia do Brasil, oferecendo, a aprtir de 2013, desde a graduação até o doutorado, recentemente aprovado pela CAPES, com nota 5,0.


O Prof. Carlos Alberto Tomelin, teve uma grande acrreira na Univali, desde estudante de turismo e hotelaria até se doutorar e hoje ser o diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Alexandre Panosso e eu tivemos a honra de ser de sua banca, assim como do Prof. Rodolfo, doutor especializado em Gastronomia. 



O Prof. Francisco dos Anjos, artual coordenador do mestrado, e o nosso grande amigo, Prof. Mário Beni.


Mirian Rejowski, Mário Beni, Dóris Ruschmann e eu tivemos a honra de celebrar a Aula da Saudade". O que eu sinto e penso sobre minha experiência memorável na Univali está abaixo, onde transcrevo minha fala:

 “As boas lembranças e a sensação de ter feito algo memorável, ou seja, enriquecedor para nós e para a sociedade, são alguns dos componentes do que denominamos “saudades”.  As pessoas que um dia, no passado, fizeram a história e criaram os momentos, hoje saudosos, tiveram visão das necessidades e desafios de seu tempo, conseguiram vislumbrar o que era importante na sua época presente. Dessa forma, construíram os novos tempos que hoje desfrutamos. Não podemos prever o futuro, mas podemos construí-lo, afirmou acertadamente Peter Drucker.

Na década de 1990, os dirigentes da Univali, no campus de Balneário Camboriú, criaram condições de formação em áreas do conhecimento consideradas relevantes nas décadas vindouras. As áreas de turismo e hotelaria foram detectadas como grandes potenciais. Foram realizados investimentos em capital humano, em relações institucionais enriquecedoras e na produção sistemática de conhecimento, vetores estratégicos de uma Universidade que se pretende competitiva e altamente diferenciada.

Houve compreensão da complexidade e articulação que envolvia as áreas de turismo e hospitalidade. Elas foram inseridas no contexto maior de lazer e das questões ambientais; áreas correlatas como gastronomia foram gradualmente sendo incorporadas ao Centro. Valorizaram-se as humanidades, as disciplinas de gestão e os contatos com outras instituições. Nesse sentido, Profa. Marlene Burato, basta olhar essa mesa para ver como a Universidade de São Paulo se faz presente na história da Univali. Todos nós temos a honra de ter participado, de diversas maneiras, na construção desse projeto, tão bem acolhido e desenvolvido pela Universidade do Vale do Itajaí.

Nesse momento, ao falarmos de gastronomia, quero fazer uma homenagem ao nosso querido amigo, Ronaldo Lopes Pontes Barreto, que foi professor e aluno nesta casa. A Univali e o Senac São Paulo foram seus grandes amores na vida. Hoje, o professor Reinaldo está na casa de sua família, em Salvador, passado por uma longa convalescença. Os laços que ligaram a Univali ao Senac São Paulo são igualmente saudosos e aqui cito também o amigo José Ruy Veloso Campos, que iniciou o processo de cooperação entre as duas instituições, no início da década de 1990.

A abertura do mestrado na Univali catalisou uma série de trabalhos e pesquisas que aqui ocorriam, concentrando conhecimento que fluía pelas universidades e pelas instituições envolvidas com os projetos locais. Ações sinérgicas e fundamentais foram tomadas: publicação da revista “Turismo – Visão e Ação”, reunindo autores nacionais e estrangeiros; os processos de qualificação e defesa de dissertações de mestrado, que proporcionam contatos entre pesquisadores; os estágios proporcionados por todo o Brasil e exterior, aos alunos de graduação; a implantação dos laboratórios de hospitalidade e de gastronomia; os cuidados com a qualidade e organização de seus inúmeros eventos; um ambiente acadêmico liberal e solidário, além de profícuo e rigoroso; um crescente respeito adquirido junto aos seus pares por todo o país; tudo isso é parte de um processo que articulou, produziu e difundiu conhecimentos nas áreas de turismo, hotelaria e gastronomia, por todo o Brasil.

Minha experiência na Univali foi fundamental para dar maturidade e densidade à vida acadêmica que desenvolvia, tanto na PUC-Campinas quanto no Senac São Paulo. Foi o meu primeiro credenciamento em um mestrado e tive o prazer de me relacionar com discentes brilhantes, vários deles – ou delas – hoje em posições significativas na academia e no mercado, além dos colegas da Univali onde fiz amizades que são vivas e instigantes. Hoje, ao atuar no mestrado em Estudos Culturais na EACH-USP, guardo as lições e saberes aqui apreendidos.

A Univali é marcante não apenas pelo senso de organização, de eficiência e cuidado com que o projeto didático-pedagógico é administrado, mas também pelo carinho e atenção com quem os visitantes, sejam alunos ou professores, são recebidos, seja na Universidade ou na própria região.

Esta Universidade vivencia na prática, produz na teoria e realiza de forma solidária, tudo o que pregamos nas áreas de hospitalidade, turismo e gastronomia. O exemplo oferecido pela Univali transcende as fronteiras acadêmicas nacionais supera os limites universitários, pois sempre esteve intimamente ligada a projetos sociais e comunitários, trabalhando com empresas públicas e privadas, governos, associações, sindicatos e todo o amplo espectro do mundo do trabalho e da sociedade civil. Por essa história, por essas memórias, pelas saudades deixadas, superadas apenas pelas esperanças que temos em um futuro a ser compartilhado com as novas gerações, nos sentimos plenos de satisfação nessa data festiva. Sabemos que conviver neste espaço, com essas pessoas que tão respeitosamente nos recebem, é um privilégio. Nesta Universidade temos muito a aprender e a vivenciar.

Que essas saudades sejam cada vez mais referências significativas de nossas vidas, aos níveis pessoal e profissional e que as saudades se mesclem à satisfação plena do momento presente e às esperanças de um futuro ainda mais memorável.

Nosso reconhecimento e felicitações à equipe gestora da Univali, aos seus docentes e discentes.”

Luiz Gonzaga Godoi Trigo
Professor Titular da EACH-USP


Essa é a visão que eu tinha, da minha poltrona. Dóris, aplaudidíssima, relatou o início do sonho e considerou o futuro tão importante quanto o saudoso passado. 


Mário Beni permeou sua fala com considerações retiradas de Santo Agostinho e dos dados do turismo nacional e global. 


Mirian Rejowski fez uma análise conjuntural e estrutural sobre as razões do sucesso dos programas de graduação e pós-graduação da Univali. Uma certeira e detalhada análise.



Mirian Rejowski, Elizabeth Wada (presidente da ANPTUR, diretora do mestrado da Universidade Anhembi-Morumbi) e Paulo Pires, pesquisador da área ambiental na Univali.


Aqui estou, com a Profa. Silvia Cabral. Bem homorada, rigorosa, detalhista e ótimo papo, ela coordena a graduação na Univali e as festas.

Sobre as festas, as fotos e sutilezas ficam para a próxima postagem. Daqui a pouco volto para Sampa, levando na memória mais experiências marcantes e orgulhoso por ter sido professor do mestrado da Univali.

Valeu a festa, o carinho e a riqueza existencial proporcionada a todos que lá estiveram.