quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

"Trinta anos esta noite"

É o título de um livro do Paulo Francis sobre a ditadura militar. Nesse mês comemoro o mesmo número de vida acadêmica. Em março de 1978, entrei na USP, na ECA, para cursar jornalismo. Trinta anos, este mês. Três décadas de universidade. Não terminei jornalismo. Voltei para Campinas e cursei turismo e filosofia na PUC-Campinas. Depois fiz o mestrado (1991) e o doutorado (1996), na Unicamp. Depois a livre docência na ECA-USP (2003). Finalmente voltei para a velha USP como professor (2005). O círculo se fecha. Em fevereiro deste ano, trinta anos depois, passei no concurso de efetivação. 30 anos, nessas noites.
Hoje, vendo a festa da calourada na USP-Leste, lembro minha calourada em São Paulo, na ECA. Outros tempos. Agora entendo como os velhos dizem que "parece que foi ontem". O tempo é etéreo. Não passa. Imagine daqui a 30 anos. Brindarei por essas décadas e pelo futuro. Por todas as noites.

Valeu o Oscar

A primeira vez que li algo sobre o livro Onde os fracos não tem vez (No country for old man) foi na "Folha", em um artigo do Bernardo de Carvalho. Já conhecia Cormac MacCarthy de sua instigante trilogia sobre o oeste norte-americano. Li o novo livro e adorei. Depois, em 2007, li A estrada (The road), um texto sobre o fim do mundo escrito da perspectiva de um pai com seu filho, tentando sobreviver em um mundo após uma catástrofe, provavelmente nuclear. Ele inovou nesse tipo de texto difícil, onde o drama humano atinge seu ponto máximo de limite.
Então veio o filme que acabou - justamente - ganhando o Oscar. Velho oeste, dinheiro em mala, briga de quadrilha de criminosos, um psicopata a serviço de alguém e de seus princípios. As histórias não tem um final. As paisagens são agrestes e belas. Os seres humanos se indagam sobre a velha questão do mal e da violência.
É um texto fácil de ser lido e difícil de ser sentido. É sobre nossa sociedade. A brutalidade do primata homo sapiens em busca de algo mais que um mero determinismo biológico excluente, onde os mais fortes destroem os mais fracos. Como disse o sociólogo Chico de Oliveira, na aula inaugural da USP-Leste, a cultura e a barbárie andam juntas. A civilização e a brutalidade são como Eros e Tânatos, duas faces de um mesmo ser. O psicopata mata, mas os outros, ditos normais, também. De formas diferentes mas com os mesmos resultados.
Não adianta levar refri para ver o filme. Um uísque é mais indicado. Cowboy.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Tudo passa

Passou janeiro, fevereiro e o carnaval. Um saco, pelo menos não fez tanto calor entre Campinas e São Paulo. Fiquei escrevendo em casa até danar o pescoço e as costas, mas em 2008 publicarei novos textos e coisas provocantes.

Fiquei sem escrever no verão porque tenho outras preocupações que conto na quinta-feira.

Pelo menos assisti O gângster, um filme excelente com o Denzel Washington que lembra Os bons companheiros, do Scorcese. Filmaço.

Adorei Tropa de Elite ganhar o Urso de Ouro em Berlim. É sinal de maturidade um país que sabe expor seus problemas e traumas através da arte, seja pela literatura, teatro, música ou cinema e a podridão da criminalidade brasileira está bem expressa, assim como a corrupção policial e a babaquice da classe mérdia nacional. O José Padilha (diretor) arrasou e fez o melhor tratado sociológico da questão dos últimos tempos. E os europeus entenderam a mensagem.

Enfim. Que chova até encher as represas.